Aquele rio era como um cão sem plumas
As senhoras das dádivas e rosas
As águas da vida e da morte
Ensinam os braços de quem lhe rema
O cheiro do líquido e da memória
Seu pluxo é um mergulho no tempo
Que ensina a respirar
A rua que corre
É da cor dos olhos
De barro das águas
Diante ou dentro
Tudo evapora
Os outros e as ondas
Que batem na gente
Esqueço fundo o que te aguarda
Ao deixar a tua velha margem
Destino é o mergulho no tempo
Que existe pra mudar
Aquele rio na vêia dá em outro
Rio vermelho
Que implora pra entrar em você
Aquele rio era como um chão sem curvas
Das histórias sem margens e das horas
Lembranças do nada e do agora
Que arrastam raizes de quem lhe enfrenta
O rosto que brilha da onda que corta
Seus olhos mergulham no vento que diz pra não voltar